A decisão do Departamento de Educação dos EUA de reativar as cobranças de dívidas estudantis em situação de inadimplência representa uma mudança significativa nas políticas implementadas durante e após a pandemia de Covid-19. Com esta medida, milhões de pessoas podem enfrentar consequências financeiras graves.
A reintrodução das práticas de cobrança para empréstimos estudantis federais afeta diretamente os 5,3 milhões de tomadores que atualmente estão em situação de inadimplência. Além disso, outros 4 milhões estão próximos deste status, o que significa que poderão sofrer penalidades como a retenção de pagamentos federais e a penhora salarial após um aviso de 30 dias. Essa prática pode desencadear problemas econômicos adicionais, especialmente para famílias que já enfrentam dificuldades financeiras.
De acordo com especialistas, a falta de pagamento por nove meses consecutivos resulta na classificação de inadimplência, o que não apenas prejudica o crédito do indivíduo, mas também abre caminho para atividades de recuperação de dívida. Esta abordagem tem gerado críticas devido à sua severidade em um momento em que muitas pessoas ainda se recuperam dos impactos econômicos da pandemia.
Entusiastas e críticos têm expressado opiniões divergentes sobre a decisão do governo de reativar as cobranças. Mike Pierce, diretor executivo do Student Borrower Protection Center, argumenta que a medida é desnecessária e cruel, aumentando o caos econômico existente. Ele destaca que as famílias trabalhadoras continuam lutando contra mudanças inconsistentes nas políticas relacionadas aos empréstimos estudantis.
A confusão cresceu em meio a demissões no escritório de Ajuda Federal Estudantil, aplicações de reembolso pausadas e incerteza legal sobre planos baseados em renda, como o plano SAVE introduzido durante a administração Biden. Kristin McGuire, da organização Young Invincibles, ressalta que a complexidade das informações torna difícil para muitos entenderem como regularizar suas situações financeiras.
Betsy Mayotte, do Instituto de Consultores de Empréstimos Estudantis, explica que existe uma alternativa para evitar penhoras através do processo de reabilitação de empréstimos. Este mecanismo envolve o pagamento pontual de nove parcelas e está disponível apenas uma vez. Embora seja uma oportunidade importante, exige esforço consistente e comprometimento financeiro por parte do tomador.
Ainda assim, especialistas destacam que muitas pessoas desconhecem essas opções ou enfrentam dificuldades em cumprir os requisitos necessários. A falta de informação adequada e suporte estruturado contribui para a perpetuação da inadimplência, criando um ciclo difícil de ser quebrado.
Desde março de 2020, as cobranças de empréstimos estudantis foram suspensas como parte das medidas de resposta à pandemia. Durante este período, tanto a administração Trump quanto Biden adotaram abordagens mais brandas, incluindo múltiplas tentativas de ampla anistia de dívidas. No entanto, muitas dessas propostas foram bloqueadas judicialmente, deixando incertezas sobre o futuro dos programas.
A administração Biden aprovou mais de US$ 183 bilhões em alívio direcionado para mais de 5 milhões de tomadores. Apesar disso, Linda McMahon, secretária de Educação, afirmou que o governo foi excessivamente indulgente e agora buscará administrar o programa de empréstimos estudantis de maneira responsável e conforme a lei.