O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, introduziu uma série de mudanças radicais na política educacional americana por meio de ordens executivas. Essas medidas questionam normas consolidadas sobre diversidade, disciplina e responsabilidade institucional. O foco principal está em combater o que Trump chama de educação "acordada", com ações que incluem maior escrutínio às universidades, corte de apoios federais para políticas de equidade nas escolas e revisão das agências de acreditação que exigem requisitos de diversidade, equidade e inclusão (DEI). As decisões buscam reestruturar os fundamentos filosóficos do sistema educacional norte-americano, alterando as proteções raciais implementadas no governo Obama e promovendo um enfoque baseado em mérito, nacionalismo e conformidade institucional.
No contexto mais amplo, as diretrizes de Trump representam uma guinada ideológica significativa. Uma dessas ordens exige maior rigor na aplicação da Seção 117 da Lei de Educação Superior, obrigando as instituições de ensino superior a revelarem relações financeiras estrangeiras acima de determinado valor. Universidades como Harvard estão sob investigação por supostamente não cumprir integralmente essas exigências. A justificativa apresentada pelo governo é evitar a influência de potências adversárias, especialmente a China, que poderiam usar recursos financeiros para manipular pesquisas e doutrinar estudantes.
Outra mudança crucial envolve o sistema de acreditação do ensino superior, considerado uma barreira poderosa para o acesso a fundos federais de auxílio estudantil. Trump acusa essas agências de perpetuar uma ortodoxia liberal e utilizar padrões DEI como armas. Sua nova abordagem impõe penalidades às agências que adotam critérios DEI, incentivando-as a priorizar resultados concretos dos alunos, como índices de graduação e preparação para o mercado de trabalho. Além disso, há um chamado para simplificar o processo de reconhecimento de novas agências de acreditação, visando romper com o que ele descreve como "monopólio de ideólogos marxistas". Embora o governo afirme que isso visa promover uma meritocracia educacional, críticos argumentam que tal medida politiza ainda mais um sistema já controverso.
No nível K-12 (educação básica), as ordens também contestam décadas de políticas de direitos civis. O governo abandonou o quadro de "impacto discrepante", um padrão anti-discriminação que permitia intervenções federais mesmo quando as políticas afetavam minorias de forma desproporcional, independentemente da intenção. Em vez disso, as escolas são orientadas a retornar à chamada "disciplina comum-senso", desconectando punições escolares de considerações de equidade racial. Esse movimento atinge diretamente reformas desenvolvidas para combater a "pipeline escola-prisão", teoria que sugere que práticas disciplinares exclusivas aumentam os riscos de encarceramento a longo prazo, particularmente entre estudantes negros e indígenas.
A agenda educacional de Trump não se limita apenas a desmantelar iniciativas DEI. Ele também anunciou a criação de um grupo de tarefa federal para promover alfabetização em inteligência artificial desde o jardim de infância, refletindo uma ambição de modernizar o currículo educacional. Simultaneamente, prometeu renovar o apoio federal às Universidades e Colégios Históricos Negros (HBCUs), incluindo parcerias industriais e treinamentos em setores financeiros e tecnológicos.
Este conjunto de ordens executivas representa um momento crucial na política educacional dos EUA. Reflete uma afirmação ousada de controle ideológico, buscando remodelar não apenas o que os alunos aprendem, mas como as escolas funcionam, quem as mantém responsáveis e quais valores elas incorporam. Com base em transparência e mérito, a doutrina educacional de Trump pode indicar uma reescrita fundamental do contrato social entre governo, academia e público. Nos próximos meses, espera-se que disputas legais, resistência institucional e fiscalização pública intensifiquem, enquanto a educação americana se torna novamente uma linha de frente nas guerras culturais da nação.