A icônica novela brasileira “Vale Tudo” retorna às telas com uma nova roupagem, trazendo consigo um toque contemporâneo que respeita a essência dos personagens originais. Desde sua estreia no final de março, o remake da Globo tem chamado atenção pelo cuidado em atualizar os figurinos para se alinhar ao conceito de luxo discreto, ou “quiet luxury”. Sob a direção criativa da figurinista Marie Salles, as peças selecionadas combinam elegância moderna com referências aos anos 1980, preservando a autenticidade das personagens enquanto adaptam suas vestimentas ao público atual.
No coração dessa transformação visual está Odete Roitman, agora interpretada por Débora Bloch. Seu guarda-roupa é composto por criações exclusivas de designers renomados como Giorgio Armani e Chanel, além de colaborações com talentos brasileiros como Alexandre Herchcovitch e Sandro Barros. A escolha desses materiais não apenas eleva a sofisticação da personagem, mas também reflete sua personalidade enigmática e poderosa. Em São Paulo, brechós de luxo foram explorados para encontrar peças únicas que complementassem esse estilo refinado.
Outro destaque é Maria de Fátima, vivida por Bella Campos, cujo percurso visual acompanha sua trajetória narrativa. Inicialmente vista em Foz do Iguaçu com roupas simples que denotam sua ambição inicial, ela adota um guarda-roupa mais elaborado ao chegar ao Rio de Janeiro. Um trench coat verde limão marca sua transição, simbolizando sua ascensão social e aspirações renovadas. Detalhes como laços de cabelo e broches remetem à versão original, mantendo viva essa conexão histórica.
Marie Salles explicou em entrevistas que a intenção era criar uma ponte entre o clássico e o moderno, garantindo que tanto os fãs antigos quanto os novos espectadores pudessem se identificar com as escolhas visuais.
De forma geral, os figurinos desse remake celebram a evolução da moda enquanto homenageiam as raízes da novela.
Do ponto de vista de um jornalista cultural, essa abordagem demonstra como a moda pode ser utilizada como uma ferramenta poderosa para contar histórias. Ao reinterpretar os estilos dos anos 1980 dentro de um contexto atual, o remake de “Vale Tudo” mostra que é possível preservar a memória coletiva sem sacrificar a relevância contemporânea. Para os leitores, isso serve como um lembrete da importância de adaptar tradições ao presente, permitindo que elas continuem vivas e significativas para gerações futuras.