Um tremor de magnitude 7,7 atingiu o centro de Mianmar, ampliando a crise humanitária em um país já devastado por uma guerra civil prolongada. A combinação do desastre natural com as dificuldades impostas pelo conflito militar tem complicado os esforços de resgate e avaliação dos danos. Até agora, mais de mil pessoas foram reportadas como mortas, embora especialistas acreditem que o número real seja muito maior.
O epicentro do terremoto foi próximo à cidade histórica de Mandalay, onde edifícios antigos, mesquitas e casas colapsaram, deixando muitos feridos ou soterrados. Apesar da resistência tradicional do regime militar em aceitar ajuda externa, desta vez houve um chamado rápido por assistência internacional, com equipes de países vizinhos chegando para apoiar nas operações de busca e resgate.
A região de Mandalay foi gravemente afetada, com relatos de amplos danos em estruturas antigas e modernas. Moradores relatam colapso de residências, escritórios e templos religiosos, além de interrupções em vias de acesso importantes. As dificuldades logísticas geradas pela guerra civil têm exacerbado os desafios enfrentados pelos sobreviventes.
A força do tremor, equivalente ao impacto de centenas de bombas atômicas, transformou rapidamente a vida cotidiana em caos. Uma testemunha local descreveu momentos de pânico enquanto tentava salvar familiares presos sob escombros. O colapso de partes das construções comprometeu ainda mais o acesso aos serviços médicos, já sobrecarregados. Enquanto isso, comunidades muçulmanas também enfrentaram tragédias significativas durante orações de sexta-feira, com numerosos fiéis ficando presos dentro de mesquitas colapsadas.
Mandalay, conhecida por sua rica herança cultural, tornou-se um símbolo da devastação causada pelo terremoto. Testemunhas afirmam que hospitais locais estão lotados, incapazes de lidar com o grande número de vítimas. Em algumas áreas, pacientes tiveram que ser transferidos para outras cidades devido à falta de recursos. No entanto, mesmo esses esforços são limitados pelas condições precárias das estradas após o tremor.
Pela primeira vez desde o golpe militar de 2021, o regime de Mianmar solicitou abertamente ajuda externa. Esse passo incomum reflete a escala catastrófica do desastre e a incapacidade do governo local em responder sozinho às necessidades urgentes da população. Países vizinhos como China, Cingapura e Índia enviaram equipes de resgate e suprimentos de emergência para apoiar os esforços de salvamento.
A chegada rápida de ajuda internacional demonstra a gravidade da situação. Contudo, moradores preocupados expressam frustração com a demora na distribuição de recursos. Transporte precário e comunicações interrompidas continuam sendo grandes obstáculos no caminho da recuperação. Para famílias que perderam entes queridos ou aguardam notícias de parentes desaparecidos, cada minuto parece uma eternidade.
Embora a resposta internacional tenha sido acolhida com alívio, desafios permanecem. As regiões rurais próximas ao epicentro enfrentam dificuldades adicionais, especialmente aquelas habitadas por populações vulneráveis. Mesmo com a assistência externa, reconstruir vidas e infraestrutura em meio a um conflito armado será uma tarefa monumental.