O próximo primeiro-ministro do Canadá enfrentará um momento crucial nas relações com os Estados Unidos, conforme foi anunciado na última sexta-feira que o novo governo iniciará negociações abrangentes sobre um acordo econômico e de segurança. Este desenvolvimento ocorre em meio a sinais mistos por parte do presidente dos EUA, Donald Trump, cujo tom recente tem sido mais amigável, mas ainda suscita incertezas dada sua natureza imprevisível. As negociações podem resultar tanto em uma deterioração das relações quanto em uma parceria mais estreita.
A situação política entre o Canadá e os Estados Unidos está repleta de desafios. Embora Trump tenha expressado interesse em melhorar as relações bilaterais, questões como tarifas comerciais e políticas de defesa permanecem em pauta. Além disso, a opinião pública canadense é majoritariamente hostil ao presidente americano, complicando ainda mais qualquer concessão do lado canadense. No entanto, especialistas sugerem que Trump pode estar motivado a buscar melhores termos com o Canadá devido à economia instável nos EUA e ao desejo de evitar conflitos desnecessários com aliados próximos.
As negociações serão amplas e complexas, envolvendo temas como a política de gestão da oferta no setor lácteo canadense, que Trump insiste em revisar, e outras disputas comerciais relacionadas a impostos digitais e gigantes tecnológicos americanos. No campo da segurança, espera-se que os Estados Unidos pressionem pelo aumento dos gastos militares canadenses, especialmente no Ártico, além de promover maior cooperação em áreas como minerais críticos e exclusão de produtos chineses das cadeias de suprimentos. Uma possível carta fora da manga inclui o programa de defesa antimísseis balísticos, tradicionalmente recusado pelo Canadá, mas agora considerado com mais atenção.
Os resultados das negociações poderão moldar profundamente a relação Canadá-Estados Unidos por anos. Um cenário otimista aponta para uma integração mais forte entre as duas nações, similar a uma "fortaleza continental", onde barreiras são reduzidas entre aliados, enquanto aumentam contra adversários globais como a China. Isso poderia implicar novas restrições aos fluxos de dados transfronteiriços e investimentos estrangeiros, além de controles rigorosos sobre exportações com potenciais usos militares.
No entanto, não se deve subestimar as dificuldades práticas e políticas dessas conversas. Durante a campanha eleitoral, muitos temas sensíveis provavelmente serão evitados pelos partidos maiores, preferindo manter certas discussões longe do escrutínio público. Enquanto isso, o Canadá também terá demandas próprias, como a eliminação de tarifas sobre madeira e, mais ambiciosamente, a limitação do uso unilateral de tarifas por parte dos Estados Unidos. Resta saber até que ponto ambos os lados estarão dispostos a ceder, especialmente em áreas tão delicadas quanto a política agrícola canadense e a autoridade comercial estadunidense.