O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky interrompeu parte de sua primeira visita ao Sul da África após um ataque noturno com mísseis e drones russos contra a capital ucraniana, Kiev. O incidente deixou pelo menos nove mortos e mais de 80 feridos, incluindo crianças. Zelensky afirmou que retornaria imediatamente à Ucrânia após se encontrar com o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa. Ele destacou a necessidade urgente de cessar os ataques e mencionou os esforços de resgate em andamento após significativos danos causados. A visita marca uma conquista diplomática para Zelensky em sua luta contra a influência crescente da Rússia na África.
A visita de Zelensky ao Sul da África representa uma mudança estratégica nas relações internacionais. Dois anos atrás, o presidente Ramaphosa liderava uma delegação africana em uma missão de paz em Kiev, enquanto a recusa de Pretória em condenar a invasão russa frustrava as autoridades ucranianas. No entanto, a paisagem geopolítica mudou drasticamente desde então. Ambos os países enfrentam desafios semelhantes em suas relações com Washington, especialmente após a reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que reduziu o apoio anteriormente dado à Ucrânia.
Agora, a Ucrânia busca ampliar seu círculo de parceiros internacionais, particularmente na África, onde muitas nações mantêm laços fortes com a Rússia. Esta visita demonstra como a política externa pode ser adaptável diante de novos contextos globais. A posição de não alinhamento do Sul da África coloca o país em uma posição única para mediar negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia, algo que Zelensky reconhece como crucial para avançar diplomaticamente.
O cenário das negociações de paz continua complexo, com posições divergentes sobre questões territoriais. Zelensky rejeitou qualquer possibilidade de reconhecer o controle russo sobre a Crimeia, região anexada ilegalmente pela Rússia em 2014. Essa posição foi criticada pelo presidente Trump, que acusou o líder ucraniano de prejudicar as conversações de paz. Apesar disso, o vice-presidente americano JD Vance apresentou uma visão dos Estados Unidos para um acordo que congelaria as linhas territoriais próximas às atuais.
As propostas americanas sugerem que tanto a Ucrânia quanto a Rússia teriam que abrir mão de algumas terras que atualmente controlam. Contudo, a aceitação dessas condições por parte de Zelensky seria politicamente impossível, além de violar normas internacionais pós-guerra que proíbem mudanças de fronteiras por força. Este impasse reflete os desafios enfrentados na busca por uma solução pacífica, exigindo equilíbrio entre segurança nacional e estabilidade internacional. A mediação sul-africana pode ser vital nesse processo delicado.