No final da tarde de quarta-feira, os republicanos do Senado revelaram um novo esboço orçamentário que abre caminho para o avanço das propostas de imigração e impostos do presidente Donald Trump. Este plano representa apenas o primeiro passo em um longo processo que pode durar meses. No entanto, se aprovado nos próximos dias, permitirá ao Senado aprovar uma ampla legislação sobre impostos, fronteiras e defesa com uma simples maioria. Apesar de ser semelhante à versão da Câmara, apresentada em fevereiro, há diferenças significativas, como o corte de gastos. Enquanto a Câmara sugere cortes de pelo menos 1,5 trilhões de dólares, o Senado propõe reduções de apenas 4 bilhões, buscando maior flexibilidade sob as regras senatoriais.
Em meio a um clima de incerteza política, o Senado enfrentará agora um processo conhecido como "vote-a-rama", onde democratas e republicanos imporão votações difíceis no plenário por várias horas, possivelmente começando na sexta-feira. Após este procedimento, o Senado precisará apenas de uma maioria simples para avançar com seu plano orçamentário. Em seguida, caberá à Câmara aprovar a nova versão. O líder da maioria no Senado, John Thune, enfrenta desafios significativos para garantir apoio suficiente, especialmente entre os conservadores, devido a questões como o aumento do teto da dívida em 5 trilhões de dólares e cortes substanciais em programas sociais.
Na quarta-feira, o presidente Trump reuniu-se com membros do Comitê Orçamentário do Senado para assegurar-lhes apoio nas votações, particularmente na Câmara. Ron Johnson, senador por Wisconsin, expressou satisfação com o compromisso presidencial de retornar a níveis razoáveis pré-pandêmicos. Contudo, há preocupação na Câmara sobre as divergências entre as duas casas legislativas, especialmente no que diz respeito aos cortes necessários. Líderes moderados temem deixar seus colegas da Câmara sozinhos na implementação de reformas impopulares, como mudanças no Medicaid.
A partir do momento em que o Senado aprovar sua proposta, a Câmara terá que deliberar sobre a nova versão. A diferença entre as instruções de economia fornecidas pelas duas casas preocupa legisladores como Brett Guthrie, que deseja uma harmonização entre elas. Tom Cole, presidente do Comitê de Aprovações da Câmara, enfatiza a necessidade de o Senado agir concretamente em relação a cortes de gastos, citando frustrações anteriores com a incapacidade de aprovar reformas significativas.
Este processo orçamentário ilustra não apenas a complexidade dos sistemas legislativos, mas também a tensão constante entre diferentes alas partidárias dentro do próprio partido republicano. A questão central é se o Senado conseguirá equilibrar demandas fiscais rigorosas com a realidade política de estados dependentes de programas federais. Ao mesmo tempo, a pressão exercida pela Casa Branca reflete a urgência percebida em avançar uma agenda econômica ambiciosa, mesmo diante de resistências internas e externas. Para observadores, este caso destaca a importância de um diálogo claro e coordenado entre as duas câmaras legislativas, evitando conflitos futuros que possam prejudicar tanto a eficiência quanto a credibilidade do governo.