A terça-feira marcou o início de uma série de demissões no Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), com o objetivo de reduzir cerca de 10 mil postos de trabalho em meio ao esforço da administração Trump para enxugar drasticamente o governo federal. O plano, liderado pela nova divisão do Departamento de Eficiência Governamental sob Elon Musk, busca diminuir a força de trabalho do HHS de 82 mil para 62 mil funcionários. A medida afeta agências como os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH). Muitos setores tiveram suas responsabilidades redistribuídas para uma nova entidade chamada Administração para uma América Saudável (AHA).
O corte maciço ocorreu após dias de incerteza entre os funcionários, que temiam por seus empregos. Entre as áreas mais impactadas estão aquelas dedicadas ao combate ao HIV, promoção da saúde minoritária e prevenção de lesões, incluindo violência armada. Além disso, equipes inteiras, como a do Escritório de Assuntos de Mídia da FDA, foram desfeitas. Algumas divisões, especialmente aquelas ligadas à segurança dos trabalhadores das minas, foram extintas completamente.
A mudança faz parte de um plano maior do secretário do HHS, Robert F. Kennedy Jr., para remodelar a infraestrutura de saúde pública federal. Uma preocupação crescente é a saída de Dr. Peter Marks, principal regulador de vacinas da FDA, cuja remoção foi criticada por especialistas como um golpe contra a confiança pública em vacinas. Marks foi essencial na autorização e monitoramento da segurança de vacinas, incluindo aquelas contra a Covid-19 e tratamentos inovadores usando ferramentas de edição genética como o CRISPR.
Arthur Caplan, chefe da divisão de ética médica na Escola de Medicina Grossman da NYU, expressou sua insatisfação, argumentando que a decisão reflete indiferença científica e compromisso com pacientes gravemente enfermos. Apesar das críticas, Andrew Nixon, porta-voz do HHS, afirmou que serviços como Medicare e Medicaid não serão afetados nem revisões de medicamentos, dispositivos médicos e alimentos realizadas pela FDA.
No entanto, defensores da saúde pública e alguns legisladores democratas reagiram negativamente às mudanças drásticas, alertando sobre possíveis riscos para os esforços de saúde pública. Senadores Patty Murray, Tammy Baldwin e a representante Rosa DeLauro enviaram uma carta a Kennedy questionando as decisões tomadas sem explicações adequadas.
O movimento gerou tensões significativas dentro do órgão, com funcionários recebendo notificações inesperadas de demissão e enfrentando barreiras administrativas, como serem barrados pelos seguranças nos campi. Enquanto isso, a administração mantém a posição de que essas alterações visam fortalecer o sistema de saúde americano, apesar das dúvidas persistentes sobre a eficácia real dessas mudanças.