Após dias de expectativa sobre as consequências do "Dia da Libertação" do presidente norte-americano Donald Trump para o Canadá, parece que o impacto direto foi menor do que o esperado. No entanto, isso não aliviou a preocupação do vizinho ao norte. Trump anunciou tarifas globais de 10% sobre diversos países e divulgou uma lista de 60 nações sujeitas a tarifas adicionais, mas o Canadá ficou de fora dessa relação. Apesar disso, o esquema tarifário americano continuará valendo sobre o Canadá em grande parte, com taxas de 25% sobre todos os produtos, exceto aqueles cobertos pelo acordo comercial da América do Norte. O primeiro-ministro canadense Mark Carney prometeu retaliação firme, enquanto líderes políticos debatem estratégias para enfrentar a situação econômica.
O governo dos Estados Unidos decidiu manter tarifas existentes sobre o Canadá, apesar de não incluir o país em uma nova lista de sanções comerciais. Produtos energéticos e potássio terão tarifas reduzidas de 10%, enquanto o aço e alumínio continuarão sendo taxados em 25%. Essas medidas foram associadas por Trump ao fluxo de fentanil e migrantes vindos do Canadá e México, declarados como emergências. Autoridades sugeriram que algumas tarifas podem ser reduzidas se essa declaração for revogada. Além disso, foi confirmada uma tarifa de 25% sobre veículos fabricados no exterior, cuja aplicação começa à meia-noite de quinta-feira. Não está claro se o Canadá será isento dessa medida, dada a interdependência de suas indústrias automotivas.
Em resposta, o primeiro-ministro canadense afirmou que seu país retaliará com eficácia. Durante um pronunciamento em Ottawa, Carney destacou que milhões de pessoas serão afetadas pelas atuais tarifas impostas pelos EUA. Ele revelou que o plano de reação canadense será definido após encontros com governadores provinciais e territoriais marcados para o dia seguinte. A postura firme de Carney tem sido vista como um ponto positivo politicamente, consolidando sua posição frente ao conservador Pierre Poilievre nas pesquisas nacionais. Este último propôs medidas imediatas de retaliação e defendeu a renegociação antecipada do acordo comercial entre Canadá, EUA e México, conhecido como CUSMA.
Líderes de outros partidos também se manifestaram sobre o tema. Jagmeet Singh, do Novo Partido Democrático, enfatizou a necessidade de proteger trabalhadores impactados pelas tarifas, criticando duramente Trump. Já Yves-Francois Blanchet, do Bloco Quebequense, recomendou contra-tarifas cuidadosamente selecionadas para preservar a economia frágil do país. Enquanto isso, o Senado dos EUA aprovou uma tentativa de bloquear as tarifas sobre o Canadá, embora tal movimento seja improvável de avançar na Câmara dos Representantes.
Embora o Canadá tenha escapado de novas tarifas, o clima geral no país continua tenso. Representantes empresariais alertam que as incertezas comerciais globais provocadas por essas medidas poderão ter repercussões negativas para a economia canadense. Em sua visão, o sistema de comércio internacional está prestes a mudar drasticamente, e o foco agora é garantir a resiliência econômica do Canadá dentro do G7, conforme destacado por Carney.