Um terremoto de magnitude 7.7 atingiu o centro de Mianmar na última sexta-feira, deixando mais de 3.000 mortos e milhares de feridos. Em resposta à crise humanitária exacerbada pelo desastre natural, o governo militar anunciou uma trégua temporária para facilitar os esforços de resgate e assistência. A decisão ocorreu após anúncios semelhantes feitos por grupos de resistência armada que combatem a junta militar. Apesar dos resgates heroicos realizados nas ruínas de edifícios colapsados, muitas áreas ainda enfrentam dificuldades significativas de acesso, tornando a extensão total do dano ainda incerta.
No meio de um outono repleto de tensões políticas e naturais, um tremor devastador sacudiu cidades como Mandalay e Naypyidaw, levando a colapso de pontes, estradas e milhares de construções. Na capital administrativa Naypyidaw, equipes internacionais lideraram operações dramáticas, salvando dois homens presos sob os escombros de um hotel. Outro resgate notável aconteceu em Sagaing, onde um diretor escolar foi retirado com vida quase cinco dias após o evento inicial. Enquanto isso, autoridades locais relatavam números alarmantes: mais de 4.500 feridos além das vítimas fatais já contabilizadas.
A região rural também sofreu fortemente. Em Singu, perto de Mandalay, vinte e sete mineiros perderam suas vidas quando suas minas subterrâneas desabaram. Perto do Lago Inle, conhecido por sua beleza turística, casas erguidas sobre estacas de madeira afundaram durante o abalo, causando múltiplas perdas de vidas. O caos gerado pelo terremoto agravou ainda mais a situação pré-existente de guerra civil, que já havia deslocado milhões de pessoas antes do desastre.
O anúncio de uma pausa no conflito veio como uma tentativa estratégica da junta militar de melhorar sua imagem internacional enquanto lida com as repercussões do terremoto. O líder militar Min Aung Hlaing preparava-se para visitar a Tailândia, seu primeiro destino fora de aliados próximos desde o golpe de 2021. Grupos de resistência também declararam cessar-fogos unilaterais, mas alertaram que manteriam o direito à autodefesa contra qualquer agressão.
A comunidade global mobilizou-se rapidamente. Equipes especializadas de países vizinhos, como Índia e China, chegaram ao local com suprimentos médicos e equipamentos de busca e resgate. Organizações internacionais destacaram a necessidade urgente de água potável, alimentos e abrigos temporários para evitar surtos de doenças em áreas afetadas.
Desde então, autoridades têm enfatizado que a continuação de réplicas sísmicas complica os esforços humanitários, particularmente em Mandalay, onde falta de eletricidade e água potável agrava a situação.
De repórter para leitor, este evento é uma poderosa lembrança da interconexão entre crises naturais e conflitos sociais. Ele destaca não apenas a importância da cooperação internacional em tempos de emergência, mas também a necessidade de soluções duradouras para conflitos políticos que amplificam a vulnerabilidade de populações inteiras. Embora a trégua atual seja vital para salvar vidas, ela deve ser vista como uma oportunidade para avançar em diálogos pacíficos e construtivos rumo a uma paz mais ampla e sustentável em Mianmar.