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Acordos no Mar Negro: Um Passo Rumo à Paz entre Ucrânia e Rússia
2025-03-25
A Casa Branca anunciou na terça-feira que a Ucrânia e a Rússia haviam concordado em cessar os combates no Mar Negro e discutir detalhes para interromper ataques contra instalações energéticas. Este seria o primeiro avanço significativo em direção ao cessar-fogo completo que a Administração Trump vinha buscando, embora ainda não alcance totalmente esse objetivo.

Um Avanço Histórico para a Estabilidade Regional

O acordo representa uma vitória diplomática crucial, demonstrando o potencial das negociações internacionais em mitigar conflitos prolongados.

Negociações Intensas em Riade

Após três dias de intensas negociações em Riade, capital da Arábia Saudita, as delegações da Ucrânia e da Rússia encontraram-se separadamente com mediadores dos Estados Unidos. Rustem Umerov, ministro da Defesa ucraniano, confirmou os acordos em uma mensagem postada nas redes sociais. Até o momento, não houve reação oficial da parte russa.

As conversas exploraram questões cruciais, como o impacto econômico das operações militares no Mar Negro e as implicações geopolíticas do uso de força em áreas estratégicas. A presença de mediadores norte-americanos foi essencial para facilitar um entendimento mútuo, apesar das diferenças históricas entre as partes envolvidas.

Compromissos Energéticos e Marítimos

A Casa Branca divulgou duas declarações distintas, destacando que havia alcançado acordos separados com a Ucrânia e a Rússia sobre ataques marítimos e energéticos. As declarações enfatizaram que Washington, Kyiv e Moscou acolheram a participação de países terceiros no “apoio à implementação dos acordos energéticos e marítimos.”

No entanto, permanece incerto como e quando esses acordos serão aplicados. Umerov, que liderou a delegação ucraniana em Riade, afirmou que “consultas técnicas adicionais” precisariam ser realizadas o mais breve possível para garantir “a implementação, monitoramento e controle dos arranjos.” Essa fase técnica será vital para consolidar o cumprimento das cláusulas estabelecidas.

Dependência Econômica do Mar Negro

Tanto a Rússia quanto a Ucrânia dependem amplamente do Mar Negro para exportações de commodities. Em meados de 2022, ambas as nações firmaram um pacto permitindo que a Ucrânia transportasse grãos pelo mar, mas a Rússia rescindiu esse acordo um ano depois, alegando que sanções ocidentais limitavam severamente sua capacidade de exportar produtos agrícolas.

Posteriormente, a Rússia ameaçou todos os navios comerciais dirigindo-se à Ucrânia, buscando sufocar suas exportações marítimas. Em resposta, as forças armadas ucranianas lançaram uma campanha que expulsou a marinha russa das regiões ocidentais do Mar Negro, destruindo muitos de seus navios de guerra e atacando sua sede em Crimea ocupada pela Rússia. Esta operação possibilitou que a Ucrânia criasse um novo corredor marítimo no Mar Negro, retornando suas exportações de grãos por via marítima aos níveis pré-guerra.

Implicações Militares e Direito à Autodefesa

Segundo Umerov, sob o acordo, “qualquer movimentação militar russa fora da parte leste do Mar Negro constituirá uma violação do espírito deste acordo,” e a Ucrânia terá “todo o direito de exercer seu direito à autodefesa.” Essa cláusula é fundamental para garantir a soberania ucraniana sobre suas águas territoriais.

As declarações da Casa Branca indicaram que tanto Rússia quanto Ucrânia concordaram em “eliminar o uso da força no Mar Negro.” Contudo, ainda não está claro se isso resultará em uma suspensão dos ataques às infraestruturas portuárias, tema que os ucranianos disseram ter sido discutido durante as negociações. Kyiv também expressou interesse em retomar operações nos principais portos ucranianos, como Mikolayiv e Kherson, onde o conflito próximo forçou seu fechamento.

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