O cineasta palestino Hamdan Ballal, conhecido por seu documentário premiado com o Oscar, "No Other Land", foi liberado pelas forças israelenses após sofrer um ataque por colonos armados na Cisjordânia e ser detido por soldados na segunda-feira, conforme informou seu advogado. Agressores mascarados invadiram a vila palestina de Susiya, causando ferimentos graves ao cineasta, que incluíram lesões na cabeça e no abdômen. Ele e outros dois palestinos detidos foram soltos sem acusações no dia seguinte. Testemunhas relataram que Ballal apresentava hematomas no rosto e sangue nas roupas quando foi libertado, sendo levado posteriormente para um hospital próximo.

O incidente ocorreu em meio a crescentes confrontos entre colonos israelenses e residentes palestinos na região, especialmente após o ataque realizado pelo Hamas contra Israel em outubro de 2023. Ativistas do Centro de Não-Violência Judaica (CJNV) relataram que os colonos entraram em Susiya à noite, lançando pedras contra a casa de Ballal antes de espancá-lo severamente e entregá-lo às forças militares. Sua esposa afirmou ter presenciado três homens uniformizados agredindo-o com coronhas de rifles enquanto ela estava dentro de casa com seus três filhos.

A situação reflete um padrão preocupante de violência settler contra comunidades palestinas, frequentemente seguido por prisões arbitrárias ou ataques físicos. O caso de Ballal ilustra como figuras públicas envolvidas na denúncia das práticas ocupacionais podem se tornar alvos específicos. Tsemel, sua advogada, mencionou que essa prática é uma espécie de ritual por parte dos colonos, que costumam intimidar moradores locais antes de chamar as autoridades, culminando em episódios de violência.

O documentário "No Other Land" trouxe à tona as consequências devastadoras da demolição sistemática de vilarejos palestinos como Masafer Yatta pelas forças israelenses ao longo de anos. O reconhecimento internacional conquistado pelo filme parece ter exacerbado a animosidade contra seus criadores. Basel Adra, residente de Masafer Yatta e co-diretor do documentário, expressou temor sobre possíveis represálias, sugerindo que os ataques recentes poderiam representar uma forma de retaliação por expor as realidades do conflito.

Apesar da liberação de Ballal e dos outros detidos, o episódio ressalta a complexidade e a escalada da tensão no território. Os ativistas continuam alertando sobre a necessidade urgente de intervenção para proteger as populações civis ameaçadas por ambos os lados do conflito. O caso também evidencia o impacto que a visibilidade global pode ter sobre indivíduos comprometidos com a narrativa palestina, transformando-os em símbolos vulneráveis frente às pressões políticas e sociais regionais.