O principal negociador do Irã expressou otimismo sobre a possibilidade de alcançar um acordo sobre seu programa nuclear com os Estados Unidos, desde que Washington mantenha uma postura realista. As negociações indiretas estão programadas para recomeçar neste sábado em Roma, mediadas pelo Omã após uma rodada inicial construtiva em Mascate. Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump, reiterou sua ameaça de atacar o Irã caso não se chegue a um consenso.
Abbas Araqchi, ministro das Relações Exteriores do Irã, afirmou em uma coletiva de imprensa em Moscou que um acordo seria possível caso os americanos demonstrem seriedade e evitem exigências irrealistas. Apesar disso, Teerã tem tentado moderar as expectativas sobre um desfecho rápido, conforme declarado pelo líder supremo, Ayatollah Ali Khamenei. O contexto atual é marcado pela retomada da campanha de "pressão máxima" por parte dos EUA contra o Irã, iniciada por Trump ao abandonar o acordo nuclear de 2015.
A questão central envolve a produção de urânio altamente enriquecido pelo Irã, que os Estados Unidos suspeitam estar vinculada ao desenvolvimento de armas nucleares. Em resposta, Teerã insiste que seu programa tem fins pacíficos e exige garantias sólidas de que as sanções econômicas sejam levantadas antes de concordar com qualquer restrição significativa. O negociador iraniano deixou claro que o direito do país de enriquecer urânio é inegociável.
Desde 2019, o Irã ultrapassou as limitações estabelecidas no acordo de 2015, produzindo quantidades substanciais de urânio que excedem as necessidades declaradas para uso civil. Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), alertou recentemente que o Irã está próximo de adquirir capacidade para fabricar uma bomba nuclear. Ele enfatizou a urgência de ambas as partes chegarem a um entendimento, destacando que o tempo é escasso para evitar uma escalada perigosa.
Embora o clima das negociações pareça promissor, as demandas divergentes continuam sendo um obstáculo significativo. Enquanto os Estados Unidos pressionam por uma suspensão total do enriquecimento de urânio, o Irã reforça sua posição sobre o direito soberano à energia nuclear. A mediação Omanense será crucial para facilitar compromissos mútuos que satisfaçam ambas as partes, evitando assim potenciais conflitos futuros.