O território da Groenlândia, um dos maiores do mundo, tornou-se um ponto estratégico vital para as potências globais. Com suas vastas reservas naturais e sua posição geográfica única no Ártico, a ilha atrai atenção especial tanto da União Europeia quanto dos Estados Unidos. Recentemente, o vice-presidente americano, JD Vance, destacou que "a segurança internacional exige controle sobre esta área". Essa afirmação provocou reações negativas na Dinamarca, que administra atualmente as questões externas da Groenlândia.
Os Estados Unidos argumentam que sua presença no norte da Groenlândia, incluindo a base militar de Pituffik (anteriormente conhecida como Thule), é essencial para proteger infraestruturas contra possíveis ataques intercontinentais. Além disso, Washington enfatiza que sua influência pode trazer estabilidade ao território, especialmente frente às crescentes ameaças globais.
A crítica de Vance gerou uma resposta imediata das autoridades dinamarquesas. Em entrevista nas redes sociais, o ministro das Relações Exteriores, Lars Løkke Rasmussen, afirmou que “não se deve falar assim com aliados próximos”. A postura foi endossada pela primeira-ministra Mette Frederiksen, que lembrou colaborações históricas entre Dinamarca e EUA, como operações conjuntas no Iraque e Afeganistão. Para ela, as palavras de Vance não refletem a realidade da relação bilateral.
Frederiksen também mencionou investimentos recentes de quase £1,5 bilhões destinados à modernização da presença dinamarquesa no Ártico. Esse movimento visa fortalecer a vigilância marítima e aérea, além de garantir suporte logístico necessário para proteger os interesses regionais.
No coração do debate está a perspectiva dos próprios groenlandeses. Apesar de apoiarem amplamente a independência política, a maioria rejeita qualquer anexação pelos Estados Unidos. Pesquisas recentes indicam que aproximadamente 70% da população opõem-se aos planos americanos. Diante dessa pressão externa, líderes políticos locais decidiram formar uma coalizão multipartidária, demonstrando solidariedade nacional.
Jens-Frederik Nielsen, o novo primeiro-ministro eleito, ressaltou a importância de unir esforços para enfrentar desafios vindos de fora. Ele declarou que “só com coesão interna conseguiremos preservar nossa identidade e soberania”. Essa mensagem ecoa fortemente no documento oficial da coalizão, onde consta claramente: “Groenlândia pertence a nós”.
A base de Pituffik desempenha um papel crucial nos cálculos estratégicos da defesa global. Sua localização permite monitorar rotas de mísseis lançados desde a Rússia até o continente americano. Desde a Guerra Fria, essa instalação tem servido como um aviso prévio contra possíveis conflitos nucleares. Atualmente, porém, ela ganha novas funções relacionadas ao monitoramento submarino e à coordenação de operações militares.
Embora a administração Trump tenha sugerido o uso da força para consolidar o controle sobre a Groenlândia, representantes oficiais descartam tal possibilidade. Vance explicou que espera alcançar acordos negociados, utilizando métodos diplomáticos persuasivos. No entanto, a resistência europeia e local permanece forte.