O governo Trump invocou o privilégio de "segredos de Estado" para evitar fornecer mais informações a um juiz federal sobre as expulsões controversas de imigrantes para El Salvador realizadas no mês corrente, baseando-se na Lei dos Inimigos Estrangeiros. Essa medida representa uma escalada adicional na batalha do presidente Donald Trump contra o judiciário federal em questões relacionadas à imigração. De acordo com um documento judicial apresentado por autoridades do departamento de justiça, nenhuma informação adicional será disponibilizada ao tribunal de Washington DC devido ao uso desse privilégio. O caso envolve a autoridade absoluta de Trump para remover indivíduos designados como terroristas associados a invasões patrocinadas por estados estrangeiros.
No contexto de crescentes tensões entre o poder executivo e o judiciário, o governo Trump utilizou a Lei dos Inimigos Estrangeiros em 15 de março para deportar imigrantes venezuelanos residentes nos Estados Unidos. Nesse dia, 238 venezuelanos e 23 salvadorenhos foram colocados em aviões e enviados para El Salvador, onde foram prontamente detidos em uma prisão massiva controlada pelo governo local. Durante mais de uma semana, um juiz federal tentou obrigar o governo Trump a divulgar detalhes sobre a operação, sem sucesso. O governo alega que todos os venezuelanos expulsos pertencem à gangue Tren de Aragua, acusando-a, sem evidências concretas, de ter infiltrado os EUA sob ordens do governo venezuelano. No entanto, documentos de inteligência contradizem essas alegações, e relatórios da mídia indicam que alguns dos deportados são inocentes.
A rápida expulsão de quase 300 imigrantes foi resultado de negociações sigilosas e sensíveis conduzidas pelo secretário de Estado Marco Rubio, possivelmente com o governo salvadorenho liderado pelo presidente Nayib Bukele. Essa operação levantou dúvidas sobre sua transparência e legalidade, além de questionamentos sobre a identidade dos deportados. A administração Trump também enfrenta críticas por parte do judiciário, com o juiz James E Boasberg bloqueando temporariamente a aplicação da Lei dos Inimigos Estrangeiros para futuras expulsões. Boasberg exigiu audiências individuais para determinar se a lei se aplica aos imigrantes em questão.
A resposta do governo Trump ao bloqueio incluiu ataques pessoais ao juiz Boasberg, com pedidos de impeachment e intensificação da luta contra o sistema judiciário. Paralelamente, um tribunal de apelações federal analisou o pedido da administração para remover Boasberg do caso. Enquanto isso, novas informações continuam surgindo, incluindo declarações de duas mulheres imigrantes que afirmam que oito mulheres estavam entre os deportados, sendo posteriormente devolvidas aos EUA porque a prisão salvadorenha só aceita homens.
A controvérsia persiste à medida que novos elementos emergem sobre essa operação complexa, destacando a necessidade de maior transparência e accountability por parte do governo. As ações recentes reforçam o conflito institucional entre o poder executivo e o judiciário, com implicações significativas para o futuro das políticas migratórias nos Estados Unidos.