O impacto dessa decisão judicial repercutirá profundamente na estabilidade política e econômica da Coreia do Sul, colocando à prova o equilíbrio entre os poderes do Estado.
A crise política teve início com a polêmica declaração de lei marcial pelo presidente Yoon Suk Yeol, medida que foi duramente criticada por suspender temporariamente processos legais civis e limitar atividades políticas fundamentais. Essa ação inesperada levou à suspensão de Yoon pelos legisladores em 14 de dezembro, permitindo que Han Duck-soo assumisse interinamente a presidência. No entanto, sua permanência nessa posição foi breve, pois logo enfrentou um processo de impeachment movido pela principal força opositora.
O Partido Democrático acusava Han de desrespeitar suas obrigações constitucionais ao se recusar a nomear juízes para vagas disponíveis no tribunal constitucional. Além disso, ele era apontado como cúmplice na formulação da declaração de lei marcial e na tentativa de conduzir assuntos de Estado junto ao partido governista antes da suspensão de Yoon.
A decisão unânime da Corte Constitucional, com apenas um voto contrário entre os oito magistrados, destacou a ausência de provas concretas contra Han Duck-soo. O tribunal afirmou que não havia indícios suficientes para sugerir que o primeiro-ministro tivesse intenção de minar a Constituição ao não nomear os juízes necessários. Esse veredicto fortalece o princípio de separação de poderes e ressalta a importância de evidências robustas em processos de tal magnitude.
Han, conhecido por sua longa trajetória política de 75 anos, expressou satisfação com a decisão judicial, referindo-se a ela como uma escolha “sábia”. Essa retomada de autoridade ocorre em um momento delicado, enquanto o futuro político de Yoon ainda está pendente de julgamento.
Enquanto isso, a Corte Constitucional continua avaliando as ações de Yoon Suk Yeol relacionadas à sua controversa declaração de lei marcial. Durante um pronunciamento televisivo inesperado, o presidente acusou o Partido Democrático de simpatizar com a Coreia do Norte e de promover atividades consideradas anti-Estado. Essa afirmação foi seguida por um movimento parlamentar rápido e decisivo, que invalidou a ordem de lei marcial dentro de seis horas, demonstrando a força das instituições democráticas do país.
No decorrer de seu julgamento perante a Corte Constitucional, Han negou qualquer envolvimento direto na formulação da lei marcial. Ele argumentou que tentou persuadir Yoon durante uma breve reunião ministerial realizada pouco antes do anúncio oficial. Essa defesa reflete o complexo jogo de influências e pressões políticas que moldaram essa fase turbulenta na história recente da Coreia do Sul.
Além das repercussões internas, esta decisão judicial tem implicações significativas para a economia sul-coreana e suas relações internacionais. Como aliado estratégico dos Estados Unidos e potência econômica global, a estabilidade política da Coreia do Sul é essencial para garantir confiança nos mercados financeiros e nas parcerias comerciais. Qualquer instabilidade prolongada pode afetar investimentos estrangeiros e comprometer o crescimento econômico.
Por outro lado, a resiliência institucional demonstrada pela Corte Constitucional reforça a imagem de uma nação comprometida com a democracia e o Estado de Direito. Isso pode servir como um exemplo inspirador para outras regiões onde os sistemas judiciais enfrentam pressões similares.