A capital sul-mato-grossense, Campo Grande, tornou-se palco de um movimento inovador que conecta moda e sustentabilidade. O Fashion Revolution, evento realizado em várias datas durante o mês de abril, oferece uma série de atividades gratuitas, incluindo palestras, oficinas criativas e até mesmo um desfile manifesto. Este evento tem como objetivo principal conscientizar sobre a importância da sustentabilidade no setor da moda, indo além dos padrões tradicionais de luxo e focando em práticas responsáveis de consumo.
O Fashion Revolution foi fundado em 2014 como resposta à tragédia do Rana Plaza, ocorrida em Bangladesh, que ceifou a vida de mais de mil trabalhadores da indústria têxtil. Desde então, o movimento cresceu globalmente, promovendo reflexões sobre os impactos socioambientais da moda. A edição deste ano em Campo Grande aborda o tema "Pense Global, Aja Local", convidando participantes a explorar soluções locais para problemas globais relacionados ao meio ambiente, direitos trabalhistas e identidade cultural.
Entre as atividades programadas estão intervenções urbanas, rodas de conversa com exibições de filmes, e workshops interativos que envolvem desde upcycling de roupas até reaproveitamento de alimentos. Essas iniciativas são lideradas por uma equipe majoritariamente composta por mulheres negras e integrantes da comunidade LGBTQIAPN+, reforçando a inclusão e a diversidade no núcleo do movimento.
A representante local do Fashion Revolution, Jessika Rabello, destaca como o movimento lhe trouxe propósito em sua trajetória profissional. Para ela, a moda não é apenas criação estética, mas também uma forma de honrar suas raízes e ancestrais. “Cada peça costurada representa uma conexão viva com minha história e meu território”, reflete Jessika.
No coração da programação está a Oficina “A roupa que conta história, reuso é revolução”, conduzida pela experiente costureira Dona Léo. Durante essa vivência prática, os participantes aprendem técnicas de transformação de peças antigas em novas criações, mesclando habilidade técnica com pensamento crítico.
Outro destaque é a Intervenção Urbana “Quem costura sua roupa?”, onde voluntários distribuem lambe-lambes pelas ruas centrais da cidade, incentivando debates sobre as condições dos trabalhadores da moda. Esta ação busca sensibilizar o público quanto às histórias ocultas por trás das roupas que vestimos diariamente.
Além disso, haverá uma roda de conversa após a exibição do filme "Ôrí", dirigido por Raquel Gerber e Beatriz Nascimento. Esta obra cinematográfica explora temas como memória, identidade e espiritualidade dentro da luta do povo negro brasileiro, conectando-os diretamente ao contexto atual da moda e da negritude.
Por fim, o evento culmina com o Desfile Manifesto, celebrando a moda como ato político e expressão artística. Este momento simboliza o compromisso coletivo de construir um futuro mais justo e sustentável para a indústria têxtil.
A Semana Fashion Revolution de Campo Grande ilumina caminhos para uma nova era na moda, onde consciência ambiental, respeito aos direitos humanos e celebração da diversidade caminham juntos. Ao reunir comunidade, artistas e ativistas, este evento demonstra que pequenas ações podem gerar grandes mudanças, inspirando cada pessoa a questionar e repensar seu papel no mundo da moda.