A Suprema Corte dos Estados Unidos está examinando uma disputa envolvendo os direitos religiosos de pais no estado de Maryland que desejam retirar seus filhos de aulas em escolas primárias que utilizam livros contendo personagens LGBTQ. Este caso é mais um exemplo das questões religiosas que têm chegado à corte liderada por conservadores nos últimos anos. As escolas públicas do condado de Montgomery introduziram esses materiais como parte de um esforço para representar melhor a diversidade da comunidade local. No entanto, pais contestaram essa decisão judicialmente, alegando que não podem ser forçados a permitir que seus filhos participem de lições que conflitam com suas crenças religiosas. O tribunal inferior decidiu a favor das escolas, levando os pais a apelarem ao Supremo Tribunal.
O caso atual traz à tona cinco livros específicos que tratam de temas relacionados à identidade de gênero e orientação sexual. Esses títulos abordam histórias familiares sob novas perspectivas, como o amor entre dois homens após salvarem um reino em "Prince and Knight" ou a jornada de autodescoberta de uma criança transgênera em "Born Ready". Os pais argumentam que o conteúdo desses livros é confuso e inadequado para crianças pequenas. Enquanto isso, grupos defensores da liberdade de expressão, como o Pen America, alertam que as demandas dos pais equivalem a uma proibição constitucionalmente questionável de livros disfarçada.
O debate também reflete uma tendência crescente na sociedade norte-americana de limitar o acesso a materiais educativos que discutem questões de gênero e sexualidade. Organizações literárias relataram que mais de 10 mil livros foram banidos nas escolas durante o último ano letivo, gerando preocupações sobre a censura educacional.
O julgamento em Mahmoud v. Taylor deve ser concluído até o início do verão, com potenciais repercussões significativas sobre a liberdade religiosa e a inclusão curricular em escolas públicas americanas. A decisão terá impacto não apenas sobre os pais e alunos envolvidos neste caso específico, mas também sobre como questões semelhantes serão tratadas em todo o país no futuro próximo.