Com o falecimento do Papa Francisco, o Vaticano entra em um período de transição ritualística que inclui luto, preparativos para o funeral e a escolha de um novo líder espiritual. Este processo, raramente observado pelo mundo, segue regras complexas estabelecidas ao longo de séculos. A última vez que tal sequência ocorreu foi com a morte do Papa João Paulo II em 2005. O evento envolveu não apenas rituais simbólicos, como o selamento dos apartamentos papais e a destruição do anel pescador, mas também uma série de tradições que moldam a sucessão pontifícia.
No momento do falecimento de um papa, protocolos específicos são ativados imediatamente. O camerlengo, responsável por verificar oficialmente a morte, trabalha junto com outros oficiais do Vaticano para comunicar a notícia ao público e às nações. Em 2005, após a morte de João Paulo II, este procedimento levou apenas 17 minutos até ser anunciado publicamente. Durante os nove dias seguintes, conhecidos como novemdiales, o corpo do papa é exposto à veneração pública. Milhões de fiéis visitaram João Paulo II enquanto ele estava deitado em estado nas basílicas do Vaticano.
O funeral marca outro ponto crucial deste processo. Enquanto João Paulo II foi enterrado na cripta da Basílica de São Pedro, Francisco expressou seu desejo de um enterro mais simples, preferindo a Basílica de Santa Maria Maior como seu local final de descanso. Cerimônias grandiosas como a de João Paulo II, que atraiu milhões de espectadores online e inúmeros dignatários internacionais, podem contrastar com as preferências mais modestas de futuros papas.
Após o sepultamento, os cardeais menores de 80 anos iniciam o conclave, onde se reunirão secretamente para eleger o próximo papa. Este encontro, realizado na Capela Sistina, dura dias e termina quando a fumaça branca surge do telhado, indicando a escolha de um novo líder. Em 2005, o conclave durou meros dois dias antes de Joseph Ratzinger ser escolhido como Benedicto XVI. Após sua aceitação, o novo papa recebe vestimentas pontifícias e é apresentado ao mundo com a famosa frase "Habemus Papam!"
O falecimento de um papa é mais do que um evento histórico; é um lembrete das tradições que unem a Igreja Católica através dos séculos. Cada passo deste processo, desde o selamento solene dos aposentos até a eleição de um sucessor, reflete a continuidade e resiliência da instituição vaticana. Este ritual oferece aos fiéis globalmente uma oportunidade de testemunhar uma mudança ordenada dentro de uma das organizações mais antigas do mundo.