O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, chegou à Índia na segunda-feira para uma visita de quatro dias em meio a esforços de Nova Deli para evitar tarifas americanas, negociar um acordo comercial bilateral com Washington e consolidar vínculos com a administração Trump. Durante sua estadia, Vance terá encontros estratégicos com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, centrados em fortalecer as relações econômicas e diplomáticas delineadas durante o encontro de Modi com Donald Trump em fevereiro. Com os EUA sendo o maior parceiro comercial da Índia, há expectativas de que as negociações resultem em um pacto comercial ambicioso, potencialmente dobrando o comércio bilateral para US$ 500 bilhões até 2030.
A agenda econômica é apenas uma parte do contexto mais amplo dessa visita. O cenário político global inclui a pausa temporária no programa de tarifas de Trump contra diversos países, incluindo a Índia, e a crescente guerra comercial entre Washington e Pequim. Este último fator assume relevância especial, dado que a China é a principal rival regional de Nova Deli. Nesse panorama, a Índia emerge como um aliado estratégico crucial dos EUA na região Indo-Pacífica, especialmente através do Quad, um grupo formado por EUA, Índia, Japão e Austrália que busca contrabalançar a influência chinesa.
Vance foi recebido calorosamente ao desembarcar no Aeroporto Palam de Nova Deli, onde assistiu a uma apresentação de dança clássica indiana. Ele está acompanhado por sua esposa, Usha Vance, cujos pais são indianos, além de seus filhos e funcionários do governo americano. Durante sua permanência, o casal visitará importantes locais históricos nas cidades de Jaipur e Agra.
O relacionamento entre Modi e Trump tem sido marcado por uma cooperação construtiva desde o início do mandato de ambos. Modi foi um dos primeiros líderes a visitar os EUA após a reeleição de Trump, destacando uma "parceria mega" entre as nações. As discussões incluem não apenas questões comerciais, mas também o fortalecimento da parceria de defesa, com a Índia manifestando interesse em adquirir mais petróleo, energia e equipamentos militares dos EUA.
Apesar das tentativas de aproximação, a questão das tarifas continua a ser um ponto sensível. Embora Trump tenha colocado em espera uma tarifa de 26% sobre produtos indianos, ele ainda critica a Índia como "abusadora de tarifas". Para Nova Deli, evitar essas tarifas recíprocas é vital, especialmente nos setores de agricultura, alimentos processados, componentes automotivos, máquinas sofisticadas, equipamentos médicos e joias.
A visita de Vance representa uma oportunidade significativa para avançar tanto nas negociações comerciais quanto nas alianças estratégicas. Enquanto os dois países trabalham para resolver diferenças comerciais, sua colaboração mútua promete moldar o futuro da região Indo-Pacífica, consolidando-se como um exemplo de cooperação internacional baseada em interesses comuns.