O senador Cory Booker, membro do Partido Democrata pelo estado de Nova Jersey, passou a noite de segunda-feira no plenário do Senado norte-americano realizando um discurso ininterrupto contra as políticas administradas pela gestão Trump. Iniciado às 19h horário de verão do leste dos Estados Unidos (EDT), o ato durou várias horas e foi interrompido apenas para breves trocas com colegas democratas. Durante sua apresentação, Booker abordou temas como saúde, segurança social, imigração, economia, educação pública, liberdade de expressão e política externa. Seu objetivo era chamar atenção para a urgência da situação política atual e incentivar "boas confusões", em referência ao legado do falecido representante John Lewis. Apesar de não ser uma tentativa oficial de obstrução legislativa, conhecida como filibuster, o gesto simbólico gerou grande engajamento público, com mais de 32 mil pessoas acompanhando a transmissão ao vivo no YouTube.
No início de sua intervenção, Booker destacou a necessidade de ação mais enérgica por parte dos legisladores, respondendo aos apelos de cidadãos de seu estado e de todo o país que clamam por maior resistência ao programa presidencial. Durante o discurso, ele criticou o presidente Trump e outros membros do governo, acusando-os de desrespeitar normas constitucionais e negligenciar as necessidades populares. Ao longo da madrugada, Booker leu trechos de cartas enviadas por eleitores impactados pelas decisões recentes e comentários de líderes internacionais.
Além das questões domésticas, Booker também analisou profundamente as implicações das políticas estrangeiras adotadas pelo governo Trump. Ele enfatizou que os tempos atuais são extraordinários e exigem respostas igualmente excepcionais por parte do Senado. Para manter a continuidade do discurso, Booker utilizou estratégias criativas, como permitir que colegas lhe fizessem perguntas — única maneira de descansar sem perder a palavra. Além disso, ele pediu que uma cadeira fosse retirada do plenário para evitar qualquer tentação de sentar-se durante o prolongado evento.
A história do Senado registra episódios ainda mais extensos de discursos maratonianos. Em 2016, Chris Murphy liderou um movimento pró-controle de armas que durou 15 horas após o tiroteio na boate Pulse, em Orlando. Anteriormente, em 2013, Ted Cruz falou por mais de 21 horas tentando impedir o financiamento da Obamacare. O recorde absoluto pertence ao então senador Strom Thurmond, que em 1957 sustentou um discurso de 24 horas e 18 minutos contra a Lei de Direitos Civis.
Embora tenha sido um esforço exaustivo, o discurso de Booker refletiu o compromisso de muitos legisladores em utilizar suas plataformas para mobilizar mudanças significativas. Sua iniciativa serviu tanto para inspirar quanto para informar, evidenciando a importância de debates robustos em tempos de incerteza política. Mesmo sem pretensões de bloquear votações específicas, o gesto teve um impacto profundo no cenário político contemporâneo, reafirmando a relevância da voz parlamentar em momentos cruciais da história nacional.