O interesse renovado do presidente Donald Trump e do vice-presidente JD Vance em integrar a Groenlândia aos Estados Unidos reflete uma longa história de interação militar e política entre os dois territórios. Essa pressão surge décadas após o estabelecimento da única base militar americana na região, que desencadeou a primeira oferta oficial dos EUA para adquirir a Groenlândia da Dinamarca. Este artigo explora os antecedentes históricos dessa relação estratégica, incluindo o papel da Base Espacial Pituffik (anteriormente conhecida como Base Aérea de Thule) e as reações das autoridades dinamarquesas e groenlandesas.
A presença militar americana na Groenlândia remonta à Segunda Guerra Mundial, quando o território, então uma colônia dinamarquesa, foi ocupado por forças nazistas. Em resposta, os Estados Unidos iniciaram operações defensivas no local, construindo aeródromos e estações meteorológicas. Em 1951, um acordo com a Dinamarca permitiu o estabelecimento da Base Aérea de Thule, que se tornou um ponto estratégico durante a Guerra Fria. Utilizada tanto para vigilância espacial quanto para defesa contra mísseis, a base também serviu como centro experimental para projetos nucleares subterrâneos nos anos 1950, embora tais iniciativas tenham sido abandonadas posteriormente.
No início de 2023, a base recebeu um novo nome — Pituffik Space Base — como forma de reconhecer a herança cultural groenlandesa. Atualmente, ela continua sendo essencial para a defesa antimíssil e vigilância espacial global. Com aproximadamente 150 militares americanos permanentemente estacionados ali, a instalação ainda mantém colaboradores dinamarqueses e groenlandeses.
Embora propostas oficiais de compra tenham surgido desde o século XIX, o tema ganhou força recentemente com declarações de Trump e Vance. Ambos argumentam que a aquisição beneficiaria a segurança nacional americana, enquanto criticam a suposta falta de investimentos dinamarqueses no território. Por outro lado, líderes locais e dinamarqueses têm rejeitado veementemente essas ideias, enfatizando a soberania da Groenlândia e sua busca por independência total.
As discussões sobre a posse da Groenlândia refletem tensões geopolíticas maiores, especialmente diante de crescentes interesses chineses e russos no Ártico. Enquanto alguns defendem uma maior presença militar americana, outros destacam a importância de respeitar a autodeterminação do povo groenlandês.
Ao longo das últimas décadas, a relação entre os Estados Unidos, a Dinamarca e a Groenlândia tem evoluído dramaticamente. Seja através de negociações diplomáticas ou debates sobre soberania, está claro que o futuro estratégico da Groenlândia continuará sendo um tema central nas relações internacionais. A complexidade dessas interações demonstra não apenas a relevância geopolítica do território, mas também a necessidade de equilibrar interesses globais com direitos nacionais.