O governo de Donald Trump emitiu uma ordem executiva que ameaça cortar fundos federais para instituições como o Smithsonian, acusando-as de promover ideologias centradas na raça. A decisão ataca a visão de raça como construção social e apoia narrativas históricas nacionalistas, rejeitando abordagens críticas que reconhecem a influência do racismo estrutural na formação da identidade americana. Essa medida não é isolada; ela segue outras iniciativas como a Comissão 1776, que buscava impor uma educação patriótica baseada em mitos fundadores idealizados.
A administração também critica projetos culturais contemporâneos, como exposições que desafiam conceitos pseudocientíficos de superioridade racial e museus dedicados à história das mulheres e dos povos indígenas. Sob o pretexto de "restaurar a verdade", a ordem busca consolidar uma visão homogênea e excludente da história, marginalizando perspectivas diversas e ignorando as lutas sociais por igualdade.
A polêmica envolvendo a rejeição da raça como construção social reflete um embate entre ciência moderna e ideologias ultrapassadas. A exposição no Museu de Arte Americana, que conecta esculturas com reflexões sobre o racismo científico desacreditado, ilustra a necessidade de repensar antigas crenças biológicas sobre diferenças raciais. Ao contrário disso, a ordem executiva insiste em uma visão fixa e hierárquica de identidades humanas.
O debate transcende questões científicas, tocando profundamente na política da representação cultural. Reconhecer a raça como construção social significa aceitar que categorias rígidas de identidade foram moldadas historicamente por interesses econômicos e políticos específicos. A administração, porém, resiste a essa interpretação, preferindo uma narrativa que legitima a supremacia branca através de falsas noções de pureza racial. Este posicionamento ignora décadas de pesquisa antropológica e genética que provam a arbitrariedade dessas distinções biológicas, perpetuando estereótipos perigosos.
A demanda por inclusão nos monumentos nacionais tem raízes profundas, atravessando gerações de ativismo cultural. Instituições como o Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana e o Museu Nacional do Índio Americano surgiram após longas batalhas para garantir que vozes marginalizadas fossem ouvidas nos espaços públicos oficiais. Esses museus não apenas documentam passados dolorosos, mas também celebram contribuições frequentemente negligenciadas para a identidade coletiva.
As críticas ao futuro Museu de História das Mulheres revelam outra dimensão dessa guerra simbólica. Ao questionar a inclusão de experiências trans e não-binárias, a administração demonstra desconforto com transformações sociais recentes que ampliam definições tradicionais de gênero e família. Este movimento conservador busca preservar uma visão restrita da americanidade, excluindo narrativas que desafiem seus valores dominantes. Contudo, a resistência popular continua forte, defendendo a importância de múltiplas perspectivas na construção de uma memória nacional mais justa e abrangente.