Uma universidade francesa está oferecendo um santuário para cientistas americanos impactados pelas reduções orçamentárias do governo Trump. Aix-Marseille University lançou o programa "Safe Place For Science", que busca fornecer um ambiente seguro e estimulante para pesquisadores que desejam continuar seus trabalhos em liberdade total. Com quase 300 solicitações recebidas, a iniciativa reflete preocupações crescentes sobre o futuro da pesquisa científica nos Estados Unidos.
A instituição francesa afirmou que recebeu 298 candidaturas, das quais 242 são elegíveis e estão sob revisão. Entre os candidatos aptos, 135 são americanos, 45 possuem dupla nacionalidade, 17 são franceses e 45 vêm de outros países. O presidente da universidade, Éric Berton, expressou satisfação com o engajamento mediático e político gerado pela proposta. Metade dos requerentes é formada por homens e metade por mulheres, com experiências oriundas de prestigiadas universidades americanas como Johns Hopkins, NASA, Universidade da Pensilvânia, Columbia, Yale e Stanford.
O movimento acontece em meio a cortes significativos no financiamento da pesquisa científica nos Estados Unidos, particularmente no setor de saúde pública e educação superior. Sob a administração Trump, bilhões de dólares em verbas federais foram retirados de programas importantes, como os da National Institutes of Health (NIH). Além disso, reduções em programas de diversidade, equidade e inclusão comprometeram estudos em áreas críticas, desde mudanças climáticas até investigações biomédicas.
Outras instituições europeias também demonstraram interesse em atrair talentos americanos. A CentraleSupélec, na França, anunciou uma subvenção de 3,2 milhões de euros para apoiar pesquisas interrompidas nos EUA. Na Holanda, o ministro da Educação, Cultura e Ciência, Eppo Bruins, solicitou a criação de um fundo destinado a atrair cientistas internacionais ao país. Indícios sugerem que essas chamadas estão sendo bem recebidas: mais de 1.200 cientistas citaram os cortes de financiamento como razão para considerar mudar-se para o Canadá ou Europa.
A resposta à iniciativa de Aix-Marseille evidencia não apenas o impacto econômico das políticas atuais nos Estados Unidos, mas também a oportunidade global de fortalecer a colaboração científica internacional. Ao aceitar cerca de 20 cientistas americanos já neste ano, a universidade francesa reitera sua convicção de que esforços coletivos são fundamentais para enfrentar os desafios contemporâneos da ciência.