Em meio a uma visita oficial à Groenlândia, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, criticou publicamente a Dinamarca por sua gestão da ilha estratégica. A declaração gerou uma resposta enfática do ministro das Relações Exteriores dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, que condenou o tom utilizado pelo governo Trump. Enquanto Vance acusou a Dinamarca de subinvestimento na segurança e no desenvolvimento da população local, Rasmussen argumentou que seu país tem investido significativamente mais no Ártico e está aberto ao diálogo com os EUA. O incidente levantou questões sobre a relação bilateral e as ambições americanas em relação à região.
O vice-presidente americano realizou uma visita à Base Espacial Pituffik, localizada no extremo norte da Groenlândia, acompanhado de figuras importantes como a primeira-dama Usha Vance e o conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz. Durante o evento, Vance afirmou que a base militar americana na ilha enfrenta um nível reduzido de segurança comparado ao passado, atribuindo tal situação à administração dinamarquesa. Ele destacou que essa percepção influenciou a política atual de Donald Trump em relação à Groenlândia, território semi-autônomo da Dinamarca.
A reação dinamarquesa foi rápida e contundente. Em um vídeo postado nas redes sociais, Lars Løkke Rasmussen ressaltou que seu país já incrementou consideravelmente seus investimentos no setor de defesa ártica, incluindo novos navios, drones e satélites. Ele também defendeu que a cooperação com os EUA deve ser construída sob bases de igualdade e respeito mútuo. Além disso, o primeiro-ministro dinamarquês, Mette Frederiksen, reiterou que a Dinamarca é um aliado forte e confiável.
A ministra das Relações Exteriores groenlandesa, Vivian Motzfeldt, expressou seu desejo por uma parceria equilibrada com os Estados Unidos, contrapondo-se ao discurso dominador percebido nas palavras de Vance. Manifestantes se reuniram em Copenhagen para protestar contra as intervenções americanas, exibindo faixas com mensagens como "mantenham distância, EUA".
O contexto histórico também foi mencionado durante o embate diplomático. Løkke Rasmussen recordou o acordo de defesa de 1951 entre Dinamarca e EUA, sugerindo que há espaço para uma presença militar mais robusta nos EUA em Groenlândia, caso seja desejado. Desde 1945, a força militar americana na ilha diminuiu drasticamente, concentrando-se agora apenas na remota Base Espacial Pituffik.
Apesar das tensões recentes, a agenda oficial da viagem incluiu compromissos culturais e políticos, inicialmente planejados pela segunda-dama antes de serem ajustados para focar mais diretamente na política e na defesa dos EUA. Pesquisas recentes indicam que a grande maioria dos groenlandeses não deseja integrar os Estados Unidos, evidenciando a complexidade das relações internacionais e regionais envolvidas.